“Vende-se Mudas”, grafava o anúncio
num papelão, em letras toscas, aparentemente distante da concordância verbal.
Afixada na beira da estrada de Mazagão, a placa chamou atenção de dois
estrangeiros obstinados pelo tráfico de mulheres, que passavam chispados num
Dodge. Freou e recuou. Prepararam uma chegança dissimulada, olhando para todos
os lados, mas com tufos de Euros na capanga comprada na praça de Cayena, rota de despacho. Adentraram no terreno ao cair da
noite, mas não encontraram qualquer indício de comercio de mudas dispostas a se
prostituírem, exceto uma surda que, essa sim, em linguagem de sinal, apontou
para o norte, Laranjal do Jari, de onde viera, mas que guardava para si. Um dos
traficantes respondeu-lhe na mesma linguagem de sinais.
- De lá já vim e não “garimpei”
nada.